O contingente Templário era composto
por escudeiros, ferreiros, serviçais, clérigos, sargentos e cavaleiros. Esse
último grupo é o que conhecemos das ilustres imagens de fortes guerreiros com
suas cotas de malha metálicas e o manto branco com a cruz rubra no peito. Esses
sim eram os Cavaleiros Templários, a “tropa de elite” do exército cristão na
Palestina e os únicos que dentro da organização templária passavam por um tipo
de ritual de iniciação. Mas como era esse ritual? Existia algo de profano ou
macabro nesse ritual?
Pelo costume da cavalaria medieval,
aos 21 anos o jovem escudeiro era investido como cavaleiro na presença de um
nobre que o apadrinhava. A iniciação na Ordem do Templo era algo posterior à
investidura do cavaleiro.
Não existia nenhum tipo de
investigação da vida do candidato ou “futuro templário”, mas no momento da
solicitação do ingresso, é possível considerar que o alto comando fazia uma
“sabatinada” do candidato, podendo até mesmo vetar o ingresso do mesmo na Ordem.
O novo templário era admitido em uma
cerimônia chamada de “Recepção”, composta por 12 cavaleiros presididos pelo
Grão-Mestre ou seu representante legal na Ordem, que na ocasião respondia pelo
nome de “Receptor”. Essas iniciações eram feitas em “fortalezas-conventos”, ou
até mesmo em uma Igreja. A reunião era chamada de “Capítulo”. O jovem que
desejava entrar para a irmandade era chamado de “noviço” (quando de origem mais
humilde) ou “aspirante”. Ele ficava do lado externo do “Capítulo” e batia de
qualquer modo à porta para mostrar que não sabia a forma correta para ser
recebido. Então o “Receptor” perguntava a todos os presentes se existia alguma
objeção para a entrada do “aspirante” na fraternidade. Caso não houvesse, o
cerimonial continuaria. Por três vezes eram enviados dois irmãos templários que
faziam indagações sobre as intenções do “aspirante”. Na terceira vez as
perguntas eram feitas à porta aberta, para mostrar que o “Capitulo” aceitaria
aquele que pedia ingresso.
Agora, dentro da reunião do
“Capítulo”, o “aspirante” ouvia o “Receptor” apresentar as tribulações da vida
dos “Milicianos de Cristo”, que podem ser resumidas nos seguintes aspectos:
·
Nunca
discutir as ordens de seus superiores;
·
Privar-se
de descanso ou sono quando as necessidades de batalha se impuserem;
·
Ser
devoto ao Senhor e a Nossa Senhora;
·
Guardar-se
do pecado;
·
Fazer
voto de pobreza e de penitência;
·
Manter-se
saudável;
·
Nunca
matar um cristão;
·
Nunca
negociar com muçulmanos.
Sempre após as falas do “Receptor”, o
“aspirante” deveria dizer: “Sim Senhor, se Deus quiser”. Após essa
apresentação, o candidato era levado à Bíblia para prestar o juramento. Antes
de fazer esse ato solene, ele declarava que não era casado ou estava noivo, que
não possuía dívidas, que não participava de nenhuma Organização similar aos
Templários, que estava em boa saúde, que não havia subornado nenhum templário
com o objetivo de entrar na Ordem e que não era excomungado pela Igreja.
Logo após o ato do juramento da
fraternidade era colhido do iniciado os votos de pobreza, de castidade, de
fidelidade à Igreja, aos seus superiores e à defesa da cristandade na
Palestina. Sempre ao final de cada voto, o iniciado dizia: “Sim Senhor, se Deus
quiser”.
Depois de assumir seus compromissos, o
novo templário era revestido com o manto branco com a cruz rubra,
característico dos cavaleiros do Templo. Após isso o “Receptor” garantia ao
novo irmão os benefícios da “Casa do Templo”: pão, proteção, um teto seguro e a
salvação da alma enquanto fosse fiel aos seus juramentos como cavaleiro. Todos
então se voltavam para o Capelão, que entoava o Salmo 133 e fazia a oração do
Espírito Santo, dando em seguida o “beijo da paz” no novo irmão, selando a
fraternidade. Esse beijo era dado de fato na boca, prática que pode parecer um
tanto estranha, mas temos que levar em conta a tradição medieval. Nas
ordenações sacerdotais daquela época, esse beijo transmitia o “alento vital” e
a comunhão fraternal. Até hoje existem resquícios do “beijo da paz” dentro da
própria liturgia católica, uma vez que os sacerdotes beijam seus instrumentos
de culto.
Antes de encerrar a reunião, o
“Receptor” advertia o novo templário sobre os possíveis castigos em caso de
transgressão de seus votos. A reunião era encerrada quando o “Receptor” dizia:
“Vos dissemos o que deveis fazer e do que deveis vos resguardar; e se não vos
dissemos tudo, é porque dizer não podemos até que no-lo soliciteis. E que Deus
vos faça agir bem. Amém”. Assim então estava encerrada a iniciação do novo
irmão.
Durante o processo de investigação da
Inquisição sobre os Templários, muito foi apontado sobre o possível costume de
atos profanos, como beijar partes intimas de outro cavaleiro, cuspir na cruz ou
até mesmo quebrá-la e negar Jesus Cristo três vezes. Mas, como visto acima,
essa prática não integrava o cerimonial do ritual de “Recepção” do candidato,
então como tais acusações foram levantadas contra a Ordem?
Em 1308, um ano após a prisão de todos
os membros da Ordem do Templo na França, uma comissão nomeada pelo Papa
Clemente V teve contato com 72 membros da Organização, que foram levados diante
do Papa com o objetivo de confessarem seus crimes contra fé. Eram prisioneiros
sem nenhuma importância dentro da hierarquia de comando dos Cavaleiros
Templários, mas confessaram algo muito importante para o Sumo Pontífice. Existia
um tipo de “teste” obrigatório e violento logo após o ritual de “Recepção”, que
poderia se confundido com atos de heresia. O novo cavaleiro era obrigado a
cuspir na cruz e a renegar Cristo. Isso poderia parecer uma loucura, mas tinha
um fundamento militar para a Organização. Os Templários buscavam simular o que
o cavaleiro teria que fazer caso caísse nas mãos dos inimigos islâmicos. Ele
poderia ser torturado e obrigado a negar a fé cristã e uma vez isso sendo
simulado em um momento que o novato não estava preparado para reagir, como logo
após a sua iniciação, poderia acabar sendo um teste de autocontrole e
determinação do cavaleiro. Aqueles que se mostrassem firmes poderiam ser
enviados para os postos nas frentes de batalha e aqueles que tivessem uma
reação covarde seriam designados para postos administrativos. Usando um simples
exemplo, Jacques De Molay, logo após a sua iniciação foi enviado para a
Palestina com o intuito de prestar serviço na frente militar. Já Hugues de
Pérraud sempre serviu ao Templo em cargos administrativos no Ocidente, nunca
tendo contato com o inimigo islâmico.
Bibliografia:
CAMINO, Rizzardo da. Jacques de molay. Rio de Janeiro:
Editora Aurora, [198-].
HAYWOOD, H. L. A história da vida e da época de Jacques DeMolay. ORDEM DeMOLAY, 1925.
Sempre gostei de ler tudo sobre os Templários e no meu íntimo o Rei mandou matar os Templários; pois eles estavam ficando fortes e muito ricos.
ResponderExcluirTornando uma ordem naquele tempo, uma ameaça ao rei e a soberania Cristã.
Não foi somente por conta de força e riqueza, mas também por ignorância. Um dos símbolos usados pela ordem, para os graus mais elevados, é o Bafometo (ou Bafometh), que é uma figura que parece um demônio. Os não iniciados e não conhecedores de esoterismo achavam que os templários estavam prestando culto ao Demo. Eis aí outro fator que deve ser acrescentado aos que você colocou.
Excluirsempre pronto aservi os pricipio da ordem não a nois mais sempre a tua gloria senhor
ResponderExcluirEstá sublime ordem me encanta SFU
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