sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A iniciação na Ordem do Templo



            O contingente Templário era composto por escudeiros, ferreiros, serviçais, clérigos, sargentos e cavaleiros. Esse último grupo é o que conhecemos das ilustres imagens de fortes guerreiros com suas cotas de malha metálicas e o manto branco com a cruz rubra no peito. Esses sim eram os Cavaleiros Templários, a “tropa de elite” do exército cristão na Palestina e os únicos que dentro da organização templária passavam por um tipo de ritual de iniciação. Mas como era esse ritual? Existia algo de profano ou macabro nesse ritual?
            Pelo costume da cavalaria medieval, aos 21 anos o jovem escudeiro era investido como cavaleiro na presença de um nobre que o apadrinhava. A iniciação na Ordem do Templo era algo posterior à investidura do cavaleiro.
            Não existia nenhum tipo de investigação da vida do candidato ou “futuro templário”, mas no momento da solicitação do ingresso, é possível considerar que o alto comando fazia uma “sabatinada” do candidato, podendo até mesmo vetar o ingresso do mesmo na Ordem.
            O novo templário era admitido em uma cerimônia chamada de “Recepção”, composta por 12 cavaleiros presididos pelo Grão-Mestre ou seu representante legal na Ordem, que na ocasião respondia pelo nome de “Receptor”. Essas iniciações eram feitas em “fortalezas-conventos”, ou até mesmo em uma Igreja. A reunião era chamada de “Capítulo”. O jovem que desejava entrar para a irmandade era chamado de “noviço” (quando de origem mais humilde) ou “aspirante”. Ele ficava do lado externo do “Capítulo” e batia de qualquer modo à porta para mostrar que não sabia a forma correta para ser recebido. Então o “Receptor” perguntava a todos os presentes se existia alguma objeção para a entrada do “aspirante” na fraternidade. Caso não houvesse, o cerimonial continuaria. Por três vezes eram enviados dois irmãos templários que faziam indagações sobre as intenções do “aspirante”. Na terceira vez as perguntas eram feitas à porta aberta, para mostrar que o “Capitulo” aceitaria aquele que pedia ingresso.
            Agora, dentro da reunião do “Capítulo”, o “aspirante” ouvia o “Receptor” apresentar as tribulações da vida dos “Milicianos de Cristo”, que podem ser resumidas nos seguintes aspectos:

·         Nunca discutir as ordens de seus superiores;
·         Privar-se de descanso ou sono quando as necessidades de batalha se impuserem;
·         Ser devoto ao Senhor e a Nossa Senhora;
·         Guardar-se do pecado;
·         Fazer voto de pobreza e de penitência;
·         Manter-se saudável;
·         Nunca matar um cristão;
·         Nunca negociar com muçulmanos.

Sempre após as falas do “Receptor”, o “aspirante” deveria dizer: “Sim Senhor, se Deus quiser”. Após essa apresentação, o candidato era levado à Bíblia para prestar o juramento. Antes de fazer esse ato solene, ele declarava que não era casado ou estava noivo, que não possuía dívidas, que não participava de nenhuma Organização similar aos Templários, que estava em boa saúde, que não havia subornado nenhum templário com o objetivo de entrar na Ordem e que não era excomungado pela Igreja.
Logo após o ato do juramento da fraternidade era colhido do iniciado os votos de pobreza, de castidade, de fidelidade à Igreja, aos seus superiores e à defesa da cristandade na Palestina. Sempre ao final de cada voto, o iniciado dizia: “Sim Senhor, se Deus quiser”.
Depois de assumir seus compromissos, o novo templário era revestido com o manto branco com a cruz rubra, característico dos cavaleiros do Templo. Após isso o “Receptor” garantia ao novo irmão os benefícios da “Casa do Templo”: pão, proteção, um teto seguro e a salvação da alma enquanto fosse fiel aos seus juramentos como cavaleiro. Todos então se voltavam para o Capelão, que entoava o Salmo 133 e fazia a oração do Espírito Santo, dando em seguida o “beijo da paz” no novo irmão, selando a fraternidade. Esse beijo era dado de fato na boca, prática que pode parecer um tanto estranha, mas temos que levar em conta a tradição medieval. Nas ordenações sacerdotais daquela época, esse beijo transmitia o “alento vital” e a comunhão fraternal. Até hoje existem resquícios do “beijo da paz” dentro da própria liturgia católica, uma vez que os sacerdotes beijam seus instrumentos de culto.
Antes de encerrar a reunião, o “Receptor” advertia o novo templário sobre os possíveis castigos em caso de transgressão de seus votos. A reunião era encerrada quando o “Receptor” dizia: “Vos dissemos o que deveis fazer e do que deveis vos resguardar; e se não vos dissemos tudo, é porque dizer não podemos até que no-lo soliciteis. E que Deus vos faça agir bem. Amém”. Assim então estava encerrada a iniciação do novo irmão.
Durante o processo de investigação da Inquisição sobre os Templários, muito foi apontado sobre o possível costume de atos profanos, como beijar partes intimas de outro cavaleiro, cuspir na cruz ou até mesmo quebrá-la e negar Jesus Cristo três vezes. Mas, como visto acima, essa prática não integrava o cerimonial do ritual de “Recepção” do candidato, então como tais acusações foram levantadas contra a Ordem?
Em 1308, um ano após a prisão de todos os membros da Ordem do Templo na França, uma comissão nomeada pelo Papa Clemente V teve contato com 72 membros da Organização, que foram levados diante do Papa com o objetivo de confessarem seus crimes contra fé. Eram prisioneiros sem nenhuma importância dentro da hierarquia de comando dos Cavaleiros Templários, mas confessaram algo muito importante para o Sumo Pontífice. Existia um tipo de “teste” obrigatório e violento logo após o ritual de “Recepção”, que poderia se confundido com atos de heresia. O novo cavaleiro era obrigado a cuspir na cruz e a renegar Cristo. Isso poderia parecer uma loucura, mas tinha um fundamento militar para a Organização. Os Templários buscavam simular o que o cavaleiro teria que fazer caso caísse nas mãos dos inimigos islâmicos. Ele poderia ser torturado e obrigado a negar a fé cristã e uma vez isso sendo simulado em um momento que o novato não estava preparado para reagir, como logo após a sua iniciação, poderia acabar sendo um teste de autocontrole e determinação do cavaleiro. Aqueles que se mostrassem firmes poderiam ser enviados para os postos nas frentes de batalha e aqueles que tivessem uma reação covarde seriam designados para postos administrativos. Usando um simples exemplo, Jacques De Molay, logo após a sua iniciação foi enviado para a Palestina com o intuito de prestar serviço na frente militar. Já Hugues de Pérraud sempre serviu ao Templo em cargos administrativos no Ocidente, nunca tendo contato com o inimigo islâmico.



Bibliografia:
CAMINO, Rizzardo da. Jacques de molay. Rio de Janeiro: Editora Aurora, [198-].
  HAYWOOD, H. L. A história da vida e da época de Jacques DeMolay. ORDEM DeMOLAY, 1925.

4 comentários:

  1. Sempre gostei de ler tudo sobre os Templários e no meu íntimo o Rei mandou matar os Templários; pois eles estavam ficando fortes e muito ricos.
    Tornando uma ordem naquele tempo, uma ameaça ao rei e a soberania Cristã.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não foi somente por conta de força e riqueza, mas também por ignorância. Um dos símbolos usados pela ordem, para os graus mais elevados, é o Bafometo (ou Bafometh), que é uma figura que parece um demônio. Os não iniciados e não conhecedores de esoterismo achavam que os templários estavam prestando culto ao Demo. Eis aí outro fator que deve ser acrescentado aos que você colocou.

      Excluir
  2. sempre pronto aservi os pricipio da ordem não a nois mais sempre a tua gloria senhor

    ResponderExcluir